quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Meu sol

Eu, flor de terras inférteis tenho em mim dois sentimentos controversos e inseparáveis. Tenho em mim o sol e a chuva. O sol, o meu sol! É nele que me inspiro quando escrevo e é com ele que me deito, em pensamentos, todas as noites. O meu sol rodeado pelo azul do céu que ao longo do tempo se reproduziu nos seus melosos e puros olhos. É ele que me faz viver. Ele dá-me vida. Por outro lado há a chuva. A chuva “que passa e não fica”. A chuva, impura e desrespeitosa… a chuva que me faz chorar, que me mente e humilha. A chuva que nunca pensei precisar. A chuva é apenas água que seca no chão. Uma tempestade que acaba e virá de novo o meu sol iluminar-me a alma. O problema é o meu sol não vir… o meu sol nunca mais me alumiar! “Ele não volta em dias de tempestade” penso eu enquanto escrevo esta epístola amorosa. Ele não volta mais…
A chuva nunca me deixa, a chuva apesar de todas as desavenças, arrufos que fazem mal de mais aos maliciosos males de coração nunca me deixa e faz-me companhia enquanto o sol não volta. É certo que obtenho carinho e amor proveniente da água das tempestades mas o que posso fazer se o que realmente me importa, me corrompe e se apodera da minha alma é o grande e luminoso sol? O que posso fazer quando não ouço uma palavra do sol? O que posso fazer se é a chuva que me dá as boas noites todos os dias? O que posso fazer mais por aquele sol magnificamente poderoso e perfeito? O que posso fazer sol? O que posso fazer por ti?
Eu preciso dos teus raios fortes a segurarem-me as pétalas fracas. Tenho saudades do teu arquejar, do timbre da tua voz, das nossas conversas. Tenho saudades dos teus olhos. Tenho saudades de amar verdadeiramente e de cair em tentação nos teus lábios. Tenho saudades de te ver. Apenas isso. Ver-te deixara-me feliz… Tenho saudades. Saudades de tudo. Tenho vontade de desistir da chuva e de correr de novo à procura de ti, meu sol. Tenho vontade de desistir do mundo para te ter durante segundos. Tenho vontade de voar contigo. Tenho… frio. Frio por saber que deixaste de me aquecer. Frio por pensar que pensas pensamentos impuros acerca de mim. Pensamentos malvados que não passam disso… pensamentos malvados! Tenho frio por pensares que não te amo. Tenho frio pela chuva que me molha e gela a alma… a chuva que me acompanha nas caminhadas difíceis enquanto tu me esqueces a cada dia que passa.
Hoje quero dizer-te que sou eu… e daqui a cinquenta anos voltarei, ou melhor, continuarei a ser eu. Eu! Isso mesmo… é de mim que esperas e amas. Eu sinto que não te perdi ao mesmo tempo que sinto fervor e desapegos. Eu sinto tanta coisa que nem sei verdadeiramente o que sinto. A verdade, a única verdade, inconfundível mas demasiado obvia é que continuas a ser tu, meu sol, a pessoa que espero, que quero e que amo. A pessoa por quem daria o Mundo. A pessoa por quem lutei, esperei, vivi. A pessoa que nunca vou esquecer por ser ‘’a pessoa’’. Sol, vamos fugir juntos para um sítio só nosso… deixa-te levar de novo, não te preocupes com o resto. Isto é único e é para sempre… aconteça o que acontecer tu és o meu sol e sempre vais sê-lo! A chuva, essa passa mais cedo ou mais tarde porque o verdadeiro sentimento é aquele com que escrevo, durmo, penso e esse sentimento és tu que o crias em mim. Meu sol… volta e deixa-me alumiar-te de novo. Deixa-me fazer-te feliz. Deixa-te ir por esta simples flor… esta flor que cresceu ao longo deste tempo e percebeu que os erros nem sempre são incorrigíveis, esta flor que precisava de crescer e perceber todos os infortúnios e benefícios da vida. Mas meu sol… a tua flor já percebeu. Percebe agora que é tempo de voltares.


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